Aujord'hui Je Vais Manger une Orange

Por motivos óbvios, ou não assim tão óbvios, vimo-nos obrigados a procurar novas estratégias para que a cultura e a arte possam continuar a trazer equilíbrio e sanidade para a nossa sociedade que, por um lado, jaz podre, e por outro, se desenvolve em pressupostos de qualidade dúbia.

Identidade: o dogma do século XXI que mobiliza milhões para a luta contra o status quo.

Num mundo em constante globalização, testam-se os limites sociológicos entre povos e assistimos a um desmantelamento de valores outrora tidos como certos. A dança entre o globalismo e o comunitarismo promete deixar marcas profundos na nossa sociedade e, como em todas as histórias, cumpre-nos sempre escolher um lado: o mundo ou a europa? eu ou tu? cumprir ou não cumprir? ir ou ficar? razão ou emoção?

Quando confrontados com a opção de escolher, muitas vezes nos esquecemos das consequências que podem daí advir. Vivemos num sistema onde a vontade da maioria prevalece, sendo que apenas quando as nossas escolhas vão de encontra às da maioria nos sentimos ouvidos e integrados. E o que acontece quando não concordamos com a decisão da maioria? Vivendo nós em comunidade, por vezes acabamos vítimas da chamada 'tirania da maioria', levando a que os direitos, as vontades e os desejos das minorias sejam reprimidos, aumentando assim as clivagens na sociedade e as crises identitárias. Isto obriga-nos a questionar: correspondem as nossas etiquetas ao nosso perfil?

Inspirados na obra 'A Promessa' de Bernardo Santareno, propomos uma reflexão identitária sobre a relação de José e Maria, ou Maria e José, e as implicâncias que isso tem na vida de um casal que se começa a questionar sobre os valores com que foram criados, sobre a sua identidade e sobre o ressentimento associado. Quem são Maria e José, ou José e Maria? Será uma promessa capaz de pôr toda uma vida em perspetiva?