Casas de Brasileiros | Casas com História

A descoberta do ouro do Brasil tornou-se para os portugueses a “árvore das patacas”, símbolo de riqueza e sucesso. Para a maioria daqueles que atravessavam o Atlântico, a possibilidade de enriquecimento rápido, através do ouro e diamantes, tornou o território brasileiro como o destino de sonho para alcançar fortuna.
Durante o séc. XIX, no regresso à terra natal, os brasileiros “torna viagem” trazem na mala dinheiro e ostentação, responsáveis pela transformação da paisagem minhota, com gloriosos contributos na construção de vários edifícios, como escolas, hospitais ou misericórdias.
A sua afirmação refletiu-se também na construção das próprias casas, que beneficiaram deste luxo e esplendor, destacando-se na sua arquitetura, tipificando estas edificações como “casas de brasileiros”.
Alguns autores, como Júlio Dinis ou Camilo Castelo Branco, apelidaram estas casas como objetos perturbadores da paisagem.
Exemplos de um variado e rico património, estas construções testemunham uma vida de sucesso, daquele que regressa endinheirado, da sua relação com o Brasil e depois com a terra de origem, onde aplica o dinheiro, reflexo de alterações arquitetónicas, económicas, sociais e culturais, do meio onde se insere.
Não existindo um modelo único de construção, as casas dos brasileiros possuem várias características comuns. Destacam-se pela assimetria e variedade, pela diversidade de materiais usados, pela presença das cores no reboco e pela existência de elementos decorativos, assentes em azulejos policromados. Ostentam estátuas que adornam muitas vezes as entradas e os jardins, onde plantam árvores exóticas.
Por todo o concelho, de norte a sul, de Gondomar a Lordelo. existem exemplares desta arquitetura. São excelentes exemplos, a Casa do Outeiro na freguesia de Serzedo e a Quinta de Cimo de Vila em Sande São Martinho.
Estas casas são o símbolo das ambições e trajetórias de vida, daqueles que partiram em busca de um desejo e refletem os percursos pessoais, profissionais e económicos dos “torna viagem”, que marcaram um fenómeno arquitetónico de grande valor patrimonial.