Konstantin Derri, José Carlos Araújo e Nuno Cardoso
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- Concertos
Konstantin Derri, José Carlos Araújo e Nuno Cardoso
“STABAT MATER DOLOROSA”
21:30
SINOPSE
A figura da Virgem chorando junto à cruz a morte de Cristo representa, para além de qualquer significado sacro, a imensidade da dor de qualquer mãe pela perda de um filho. Essa dor estará sublinhadamente presente no concerto de hoje, com a expressão dessa angústia da Virgem, através de vários importantes compositores do século XVIII.
BIOGRAFIAS
José Carlos Araújo
José Carlos Araújo estudou cravo e órgão no Conservatório Nacional, nas classes de Maria Cândida Matos e Rui Paiva. Entre as numerosas masterclasses em que participou, foram especialmente importantes as aulas com Cremilde Rosado Fernandes, José Luis González Uriol, Gustav Leonhardt e Rinaldo Alessandrini.
É membro da orquestra barroca Divino Sospiro, com a qual realizou numerosas estreias modernas de obras do séc. XVIII. Tocou também com outras orquestras e agrupamentos, entre os quais a Orquestra Sinfónica Portuguesa, a Orquestra de Câmara Portuguesa, a Orquestra Metropolitana de Lisboa, o Ensemble MPMP, o Grupo de Música Contemporânea de Lisboa ou o Coro Gulbenkian. Apresentou-se com o Teatro da Cornucópia na produção d’A Tempestade de Shakespeare, sob a direção de Luís Miguel Cintra.
Iniciou a coleção discográfica Melographia Portugueza em 2012, com a gravação integral da obra para tecla de Carlos Seixas. Após os restauros do pianoforte van Casteel (1763) e do cravo Antunes (1789), realizou os concertos inaugurais de ambos os instrumentos no Museu Nacional da Música, o último dos quais em duo com Miguel Jalôto. Acompanhou também o complexo restauro do cravo Taskin de 1782 (Tesouro Nacional), processo distinguido com o Prémio de Conservação e Restauro da Associação Portuguesa de Museologia, em 2018.
Foram-lhe atribuídos o 1.º Prémio e o Prémio do Público do concurso Carlos Seixas (Sociedade Histórica da Independência de Portugal). Gravou para a RTP e para a Antena 2. Tem sido favoravelmente recebido o disco Passio Iberica, que gravou com Divino Sospiro, distinguido com 5 estrelas pela revista Musica (2019). Também com esta orquestra e com o flautista António Carrilho estreou obras de Nuno da Rocha, lançadas em CD em 2019 (O que será do rio?, MPMP). O seu 10.º disco, Carlos Seixas – Sonatas VIII (2020), constitui a primeira gravação do cravo Antunes de 1789, atualmente conservado na coleção instrumental do MNM e em classificação como Tesouro Nacional. Gravou também os primeiros discos a solo do pianoforte van Casteel e do órgão histórico de São Bento da Vitória, de 1719 (Porto).
Licenciou-se pela Faculdade de Letras de Lisboa, em Filologia Clássica. É investigador do Centro de Estudos Clássicos da Universidade de Lisboa, onde se tem dedicado ao estudo e à primeira tradução portuguesa do Epistolário de Plínio. Colabora regularmente em Euphrosyne – Revista de Filologia Clássica.
Nuno Cardoso
Nuno Cardoso nasceu em Lisboa e iniciou os estudos de violoncelo na Fundação Musical dos Amigos das Crianças com Luís Estêvão da Silva e com Luís Sá Pessoa. Licenciou-se pela Academia Nacional Superior de Orquestra na especialidade de Violoncelo, onde estudou sob a orientação de Paulo Gaio Lima. Paralelamente, frequentou a Licenciatura em Matemática na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Em Portugal e no estrangeiro, tem beneficiado de masterclasses com reconhecidos mestres, como Márcio Carneiro, Xavier Gagnepain, Hans Jørgen Jensen, Jan-Erik Gustafsson ou Rainer Zipperling.
No domínio da música de câmara tem trabalhado com Paul Wakabayashi, Paulo Pacheco, Olle Sjöberg e Hans Pålsson. Co-fundador do MPMP – Movimento Patrimonial pela Música Portuguesa, foi também membro da Comissão de Redação da revista Glosas. Tem vindo a afirmar-se o duo que mantém com o pianista Duarte Pereira Martins, salientando-se os recitais nos ciclos Um Músico, um Mecenas, no Museu Nacional da Música, em Lisboa, nos violoncelos históricos de H. Lockey Hill (ca. 1800, Coleção Suggia) e J. J. Galrão (1769, Coleção Real), atualmente conservados naquela coleção instrumental. Na Suécia, trabalhou interpretação de música barroca com Peter Spissky e efetuou os estudos de Mestrado em Violoncelo na Musikhögskolan i Malmö da Universidade de Lund, na classe de Torleif Thedéen. É membro fundador do quarteto com piano Kvar Ensemble.
Konstantin Derri
Nascido em Krivoy ( Ucrania ), Konstanin Derri começa a sua carreira musical como pianista na sua cidade natal e pouco antes de finalizar os seus estudos de piano no conservatório, começa a receber aulas de canto. Para continuar os seus estudos, já como cantor, entra na Academia Musical Tchaikovski de Kiev.
No final de 2009 muda-se para Espanha para estudar no Conservatório Superior de Música de Valência, com Ana Luísa Chova e Carles Budó, enquanto frequenta cursos de canto barroco com Richard Levitt. Em 2013 finaliza os seus estudos superiores e começa um Máster de “ Interpretação Operática no mesmo conservatório, que finaliza em 2014.
Obteve numerosos prémios, como o segundo prémio do “Concurso de ópera barroca António Cesti 2015“, em Innsbruck (com a sua interpretação de música operística de Haendel, que consegue excelentes criticas de muitos especialistas em música barroca) e o primeiro prémio no concurso “Os nomes novos“ em Kiev. Foi finalista e conseguiu o prémio promoção do “XVI Concurso Internacional de canto Feruccio Tagliavini”( Áustria ).
Na campo da ópera interpretou do Dido e Eneas (Feiticeiro e Espírito) de Purcell no Teatro Real de Madrid com Aarón Zapico, no Auditório de Valência, Teatre Ideal de Castelo de la Ribera, Teatre Auditori Francisco Chirivella de Catarroja e no Gran Teatre de Xátiva; Le Nozze in sogno (Scorbio) de Cesti, estreia mundial no 40º Festival de Música antiga de Innsbruck; Farinelli, o castrado do rei Filipe (Farinelli) adaptado por Gustavo Tambascio nos Teatros del Canal de Madrid; Giuglio Cesare ( Tolomeo ) de Haendel no Allee Theater Hamburger Kammeroper; Orfeo e Euridice (Orfeo) de Gluck, na sua estreia em Kiev, no Auditório Joaquim Rodrigo de Valência e no Auditório de Riba-roja; O Maior triunfo da maior guerra (Luzeyo) de M. Ferreira, estreia absoluta da ópera no XV Festival Internacional de música antiga e barroca de Peñíscola; Rinaldo (Rinaldo) de Haendel no Festival de ópera de Glyndebourne (cover), Teatro da ópera de Chemnitz, Auditório de Riba- roja e no Auditório Joaquin Rodrigo de Valência; Teseo (Arcane) de Haendel no Tchaikovsky Concert Hall de Moscovo com Federico Sardelli; La dori (Bagoa) de Cesti, no Festival de Música Antiga de Innsbruck com Ottavio Dantone; Medeamaterial de Dusapin no teatro Comunale di Bologna com Marco Angius; L’invisible de Reimann no Staatstheater Braunschweig com Tatjana Gürbaca e Orlando Furioso (Medoro) de Vivaldi no Festival della Valle d’Itria com Diego Fasolis.
Destacam-se ainda as suas atuações do Oratório La Colpa, Il Pentimento, La Grazia,( Pentimento ) de A. Scarlatti no Festival de Música Antiga de Sevilha com Aarón Zapico-Forma Antiqva; concertos de música operística no Palao de la Música, Real Academia de Bellas Artes de Valência , 75º Festival Quincena Musical de San Sebastián, Allee Theater Hamburger Kammeroper, Festival de Música antigua de Zaragoza, Festival de Kammeroper Schloss Rheinsber; concerto de apresentação do CD Joan Cabanilles, La Música d’ un Temps, que se gravou com o Grup Valenciá de Música Antiga “Música Trobada“ no Palau da Música de Valência; um concerto de natal na sala de colunas da Filarmónica Nacional da Ucrânia (Kiev), sobre sob a direção do Maestro Titular da Orquestra, Nykolay Dyadyura; Carmina Burana de Carl Orff no Palau de la Música de Valência e nos Auditórios de Torrente e Aldaia.
Na Ucrânia, participa ativamente em concertos operísticos na Ópera Nacional de Kiev, Filarmónica Nacional de Kiev, Ópera Nacional de Lviv, Ópera de Dnepropetrovsk, Ópera de Donetsk, Ópera de Odessa, Palácio “ Ucrania “ de Kiev, nos Teatros de Chernigov, Lugansk, Mariupol, Krivoy Rog e Yalta.
Dos seus próximos compromissos fazem parte Dido e Eneas no Theater Vorpommern, Carmina Burana em Baluarte e Il Ritorno di Ulisse in pátria de Monteverdi, no Teatro Maggio Musicale Fiorentino, com Ottavio Dantone, numa produção de Robert Carsen.
PROGRAMA
ANTONIO VIVALDI: Stabat mater (RV 621)
1. Stabat mater dolorosa
2. Cujus animan gementem
3. O quam tristes et afflicta
4. Quis est homo
5: Quis non posset contristari
6. Pro peccatis suae gentis
7. Eia mater, fons amoris
8. Fac ut ardeat cor meum
9. Amen
ALESSANDRO SCARLATTI: Stabat mater - EXCERTOS
3. O quam tristes et afflicta
6. Quis non posset contristari
10. Santa Mater
13. Fac me vere
15. Fa cut portem
JOSEPH HAYDN: Stabat mater – EXCERTOS
2. O quam tristes et afflicta
9. Fac me vere
NOTAS AO PROGRAMA
A figura da Virgem chorando junto à cruz na morte de Cristo representa, para além de qualquer significado sacro, a imensidade da dor que qualquer mãe experiencia pela perda de um filho. Tornou-se, obviamente, uma das imagens mais marcantes da nossa civilização vincada pelo cristianismo. É natural, pois, que essa figura da dor tenha sido manifestada, e continue a sê-lo, em todos os campos artísticos, desde a célebre estátua da Pietà de Michelangelo, no Vaticano, até às inúmeras obras pictóricas e musicais que com ela se identificaram.
Essa dor estará sublinhadamente presente no presente Festival Internacional de Música de Guimarães e o concerto de hoje é prova disso, com a expressão dessa angústia da Virgem através de obras de vários importantes compositores do século XVIII.
O Hino Stabat mater dolorosa, uma prece ou, mais precisamente, uma sequentia litúrgica católica, surgiu no século XIII e a sua autoria é atribuída ao franciscano Jacopone da Todi. Alguns estudiosos, no entanto, atribuem-no ao Papa Inocêncio III. Como sequência litúrgica, o hino foi suprimido pelo Concílio de Trento, mas retornou ao missal por ordem do Papa Bento XIII, em 1727, na festa de Nossa Senhora das Dores. O que importa realçar é que, desde que foi escrito, esse texto em latim tem despertado a emoção de dezenas de compositores ao longo dos séculos e servido de base a obras musicais que ultrapassam tempos e fronteiras, com manifestações em Palestrina, Pergolesi, Scarlatti (Alessandro e Domenico), Vivaldi, Haydn, Rossini, Dvorak, Schubert, Liszt, Verdi, Perosi, José Joaquim dos Santos, Penderecki. Para só alguns referir.
O Stabat Mater de Antonio Vivaldi, autor da popularíssima série de concertos As Quatro Estações, foi estreado por volta de 1727. A obra para contralto solo e orquestra utiliza apenas algumas estâncias do hino. A música de Vivaldi assume aqui um caracter melancólico, triste, assumidamente lento. Apenas no “Amen” é usado um Allegro.
Alessandro Scarlatti manejou o Stabat Mater por três vezes. O que hoje ouviremos foi escrito em 1724, três anos antes da obra de Vivaldi, por encomenda da Ordem de Frades Menores “Cavaleiros da Senhora das Dores” para a Igreja de São Luís de Nápoles para a época da Páscoa. Assim que se estreou foi, porém, considerado antiquado, tendo sido substituído em 1736 pelo famoso Stabat Mater de Giovanni Battista Pergolesi. As últimas obras de Scarlatti impressionam pela sua extraordinária riqueza musical, variedade de formas, liberdade cromática e flexibilidade de expressão. Este Stabat mater é uma das suas mais populares obras sacras nos nossos dias.
O Stabat Mater de Joseph Haydn (Hob. XXa:1) foi escrito já na segunda metade do século XVIII, mais concretamente em 1767. Para soprano, contralto, tenor e baixo solistas, coro misto, 2 oboés, cordas e órgão, a sua primeira execução parece ter sido dada a 25 de março de 1768, em Vienna, com o próprio Haydn a dirigir. O compositor dividiu a obra em dez andamentos, de que ouviremos dois: O quam tristes (um Larghetto Affettuoso) e “Fac me vere tecum flere" (Lagrimoso).
Jorge Rodrigues.
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- Ficha artística
- Contratenor | Konstantin Derri
- Cravo | José Carlos Araújo
- Violoncelo | Nuno Cardoso
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- Ficha técnica
- Classificação etária | M/6
- Duração aproximada | 60 min.
- Evento online
- Direitos reservados
- Texto e imagem
Rua Conde D. Henrique,
4810-412 Guimarães