Orquestra de Guimarães c/ Matthias Schorn
- Concertos

Orquestra de Guimarães c/ Matthias Schorn
21h30
A Orquestra de Guimarães, sob a direção do seu maestro titular Vítor Matos, recebe na V Residência Artística da temporada de 2025 o prestigiado clarinetista Mathias Schorn.
O concerto abre com um olhar sobre o universo juvenil de Franz Schubert que, com apenas 19 anos, compôs a Abertura ao estilo italiano em Ré maior, D. 590 (1817). Fascinado pelas óperas cómicas de Rossini, então em plena ascensão por toda a Europa, Schubert recria aqui os traços mais marcantes desse estilo — o contraste entre leveza melódica e exuberância rítmica, os característicos crescendos rossinianos e as linhas cantabile — sem, contudo, abdicar da sua sensibilidade lírica pessoal. Trata-se de uma obra luminosa, onde homenagem e afirmação da identidade se entrelaçam.
Se Schubert parte de um modelo estrangeiro, Wolfgang Amadeus Mozart inspira-se na presença viva de um intérprete. O Concerto para Clarinete em Lá maior, K. 622, estreado a 16 de outubro de 1791 em Praga, nasceu da admiração pelo virtuosismo e pela expressividade de Anton Stadler, amigo próximo do compositor e pioneiro do clarinete enquanto instrumento solista. Escrito para clarinete de basset — variante com registo mais grave —, o concerto explora com delicadeza a riqueza tímbrica e a expressividade singular do instrumento. Um crítico da época, impressionado com Stadler, escreveu: “Não ouvi nada que se compare ao que ele consegue com o seu instrumento. Jamais imaginaria que um clarinete pudesse imitar a voz humana com tal perfeição. O seu som é tão suave, tão delicado, que ninguém com coração lhe pode resistir.”
O mesmo se poderá dizer do solista desta noite. Mathias Schorn, clarinetista principal da Orquestra Filarmónica de Viena, formado na tradição vienense, destaca-se precisamente pela maleabilidade tímbrica e pela doçura de tom. Mesmo em clarinete moderno evidencia as qualidades vocais do clarinete de basset, conferindo nova vida à obra-prima de Mozart. Uma das últimas criações orquestrais do compositor, este concerto testemunha a sua genialidade ao conciliar lirismo sereno, virtuosismo subtil e um diálogo íntimo entre solista e orquestra — especialmente no célebre Adagio, onde o clarinete parece cantar uma ária sem palavras.
Após o intervalo, regressamos a Schubert com a Sinfonia n.º 2 em Si bemol maior, D. 125 (1815), obra de juventude em que já se reconhece um domínio surpreendente da escrita orquestral. O Largo introdutório estabelece um ambiente solene, de teatralidade quase rossiniana, abrindo depois caminho a um Andante de elegância vienense. O Menuetto – Allegro vivace, inesperadamente em dó menor, irrompe com energia quase tempestuosa, contrastando com o Trio luminoso em mi bemol maior. Por fim, o Presto vivace conclui a obra, reafirmando a inventividade e domínio técnico de Schubert, qualidades que já se evidenciavam na sua escrita desde cedo e que, apesar da sua curta vida, deixaram um legado indelével na música orquestral.
Programa
I Parte
Abertura ao estilo italiano em Ré maior, D. 590 | Franz Schubert
Concerto para Clarinete e Orquestra, em Lá maior, K. 622 | W.A. Mozart
– Allegro
– Adagio
– Rondo: Allegro
II Parte
Sinfonia nº 2, em si bemol maior, D. 125 | Franz Schubert
I – Largo
II – Andante
III – Menuetto: Allegro vivace in C minor – Trio in E flat major
IV – Presto vivace
Nota: Concerto com intervalo de 10 minutos
Ficha Artística
Elenco:
VIOLINO I
Nuno Meira
José Rocha
Cátia Sá
Sara Castro
Inês Cruz
Oksana Kurtach
Rafael Moreira
VIOLINO II
Dhiego Lima
Joaquim Matos
Gabriela Peixoto
João Rodrigues
Leonor Curto
Inês Vilarinho
VIOLA
João Rosa
Cristóvão Andrade
Maria Ferreira
Carolina Palha
VIOLONCELO
António Ferreira
Raquel Ribeiro
Tiago Mendes
Catarina Coelho
CONTRABAIXO
Joana Lopes
Daniel Gomes
FLAUTA
Filipa Lima
Rodrigo Costa
OBOÉ
Miguel Ferreira
Hugo Ribeiro
CLARINETE
Paulo Martins
Jorge Sousa
FAGOTE
Ana Bastos
Pedro Travanca
TROMPA
Vasco Gonçalves
Nuno Costa
TROMPETE
Ângelo Fernandes
Tiago Rebelo
TIMPANOS
Vítor Castro
Vítor Matos
Vitor Hugo Ferreira de Matos (nascido em 1977), estudou nos Conservatórios de Música de Braga e do Porto, nas classes dos professores José Matos e Moreira Jorge, com quem concluiu o curso de clarinete. Em 2001 obteve o diploma de Licenciatura na ESMAE. De 2001 a 2007, estudou com o clarinetista Alessandro Carbonare. Tem realizado diversos recitais em Roma, a convite do Instituto Santo António dos Portugueses, interpretando várias obras em primeira audição, destacando-se o Concerto para Clarinete e Orquestra que o compositor Joaquim dos Santos lhe dedicou. Como instrumentista colaborou com a Orquestra do Norte, Sinfonieta do Porto, Orquestra de Câmara Musicare, Filarmonia das Beiras e Gulbenkian. Apresentou-se a solo e em música de Câmara nos seguintes festivais internacionais de música: Encontros de Primavera-Guimarães, Póvoa de Varzim, Gaia, Cascais, Mateus, Toulouse e Música Viva. Estudou direção de orquestra com o Maestro Cesário Costa. No campo da direção de orquestra tem dirigido diversas orquestras entre as quais Orquestra do Norte, Orquestra Estúdio, Orquestra de Câmara do Minho, Orquestra Académica da Universidade do Minho, Orquestra do Conservatório e Teatro de Kaiserslautern e, da Rádio Sul da Alemanha, interpretando obras do período barroco ao contemporâneo. No campo da Opera, dirigiu o “O Pequeno Limpa Chaminés”, “Arca de Noé” de B. Britten e a “Carmen” de Bizet, todas elas produções nacionais. No campo operático, no âmbito da Guimarães Capital Europeia da Cultura, dirigiu a opera de Maurice Ravel, Les Enfants et Sortilege. Teve o privilégio de dirigir solistas de prestígio tais como Patrizia Porgio, Peter Arnold, Ilya Grubert, Dora Rodrigues Luís Pipa, Pavel Gomziakov, Samuel Bastos, Elisabete Matos entre outros. Foi galardoado no âmbito de direcção de orquestra, por diversas vezes, destacando-se os prémios obtidos em Barcelona e em Roma (Prémios “Bachetta d’oro” para melhor maestro, “Bachetta de argento” como melhor interpretação). Em 2007, dirigiu a Orquestra da Escola Sinfónica de Madrid no âmbito dos Cursos de Especialização em Música Contemporânea e Direcção de Orquestra, na Universidade de Alcala de Henares (Madrid) com os maestros Arturo Tamayo e Jesus Lopez Coboz. A experiência de ensino, inclui master classes em Guimarães (Cursos Internacionais), Escolas Profissionais de Música de Viana do Castelo e JOBRA, Madeira, Horschule de Kaisrslautern. Destacam-se na sua classe vários alunos premiados em Concursos Nacionais e Internacionais Atualmente Vítor Matos é Professor Auxiliar do Departamento de Música da Escola de Artes e Humanidades da Universidade do Minho. É maestro titular da Orquestra de Guimarães. Master em Direção de Orquestra e Doutorado pela Universidade de Évora em Música Musicologia- Interpretação.
Orquestra de Guimarães
A Orquestra de Guimarães é um singular projeto cultural criado pela Município de Guimarães, com génese no ano de 2014, cujos principais objetivos assentam na integração e potencialização do talento de artistas da região, proporcionando-lhes o contato com a prática musical orquestral sinfónica. Apesar da sua recente formação conta já com mais de uma centena de concertos realizados, assumindo-se paulatinamente pela qualidade das suas apresentações, as quais tem granjeado do diverso público os mais rasgados elogios. Funcionando numa dinâmica de residências artísticas a Orquestra de Guimarães tem-se diferenciado pelo arrojo e excelência da sua programação, permitindo dotar Guimarães, num formato de sustentabilidade, de uma formação profissional residente com uma programação regular de música erudita de alto nível artístico. Dos inúmeros concertos realizados destacam-se o acompanhamento de solistas com reconhecidas carreiras internacionais como Pavel Gomziakov, Elisabete Matos, Alessandro Carbonare, Maté Sucz, entre outros, bem como a versatilidade demonstrada nas surpreendentes colaborações com Teresa Salgueiro, António Zambujo, Pedro Abrunhosa ou Miguel Araújo, passando pelas multifacetadas apresentações no âmbito do "Guimarães Jazz". No domínio da criação artística destaque para as surpreendentes versões encenadas do "Messias" de Händel ou da "Paixão Segundo S. João" de Bach, bem como as várias interações com o tecido associativo vimaranense. Com direção artística do Maestro Vítor Matos, e tendo como programador Domingos Castro, a Orquestra de Guimarães é responsável pela programação anual do Festival "Guimarães Allegro", evento no qual se apresenta sob direção de conceituados maestros internacionais como: Daniel Stabrawa, Christoph Koncz, Cristóbal Soler, Maxim Rysanov entre outros, assumindo-se igualmente como um espaço de entrada de jovens instrumentistas no universo profissional, estabelecendo neste campo importantes sinergias com o Conservatório de Guimarães e a Universidade do Minho. A Orquestra de Guimarães é por isso um eixo fundamental da política cultural do Município de Guimarães, desempenhando um papel preponderante no domínio da música erudita, afirmando-se como uma importante bandeira de um território e de uma sociedade capaz de gerar e fomentar cultura, a máxima expressão de "Guimarães Cidade de Cultura".
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- Organização
- Município de Guimarães
- Apoio
- Sociedade Musical de Guimarães
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- Direcção
- Vitor Matos
- Direitos reservados
- Texto e imagem
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Duração - 60 minutos
Classificação etária - M/6