Casa e Capela da Quinta de Corujeiras

Implantado na encosta Sul do monte da Penha e sobranceiro ao Vale de Infantas, este conjunto é constituído por dois corpos distintos, se bem que contíguos: o primeiro, notoriamente maneirista, alberga a parte habitacional, enquanto o segundo, constituído pela capela privativa, evidencia uma linguagem comumente
designada por Barroco português. Rodeada por uma extensa propriedade, as primeiras referências a este domínio decorrem da doação, ou escambo, que a Infanta Dona Sancha estabeleceu em 1162 com o abade desta paróquia, por ocasião da dedicação da sua igreja ao Arcebispo D. João Peculiar.
Em meados de quinhentos, esta propriedade foi ereta em cabeça de um morgadio, sob a invocação de Santa Maria e instituído pela senhora Violante Correia de Mesquita, que o nomeou em seu sobrinho D. António de Noronha, Moço Fidalgo da Casa Real (Alvará de 1558) e bisneto de D. Pedro de Menezes conde e
1º marquês de Vila Real.
Já no inicio do séc. XVII , caberia a seu neto D. Bartolomeu de Noronha, Moço Fidalgo, comendador da Ordem de Cristo e alcaide-mor de Leiria e da vila da Batalha, proceder à grande reforma da sua primitiva casa, ampliando-a e transformando-a no notável edifício, palaciano-maneirista, que hoje nos é dado conhecer. Tal reforma, deixou de fora a primitiva capela do solar, que tinha por patrono Santa Maria, imagem em calcário policromado, do séc. XIV , a bem conhecida “Nossa Senhora, a Formosa” que hoje integra o espólio do Museu de Alberto Sampaio. A capela atual resulta da trasladação da primitiva, a qual ameaçava ruína e que foi reedificada em meados do séc. XVIII , por iniciativa do seu 7º morgado D. António de Noronha e Menezes, segundo o risco de Nicolau Nazoni, arquiteto italiano que vindo de Malta para o Porto, aqui trabalhou, tendo sido autor do risco, da Torre dos Clérigos, ex-libris desta cidade, entre outras obras de grande vulto, nomeadamente o palácio e jardins da Prelada, em Ramalde, propriedade e residência de campo desta família.