Bairro Coral

A nossa programação procura olhar para o Bairro C enquanto lugar onde a palavra falada se assume como património referencial vivo, onde formas de expressão musical se apresentam na sonoridade das palavras, das vozes que a projetam e das imagens memoriais e futuras que possibilitam a todos os que poderão usufruir do nosso programa cultural. Gostaríamos de promover o conceito de vozes em diálogo, cantadas ou faladas, como um meio privilegiado para potenciar o interesse da comunidade pelo diálogo intercultural e pela preservação do legado cultural

A voz cantada desde sempre desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento sociocultural das nossas sociedades. É inegável a forma como reúne em seu redor, apaixonados e entusiastas dos mais variados extratos socioculturais. Exemplos disso são as celebrações religiosas, os eventos desportivos, as festas populares, etc. Está intrinsecamente ligada ao carácter individual de cada ser sensível e a energia que resulta da sua projeção é equacionada como meio de tratamento medicinal e como fator essencial para que o indivíduo encontre um estado de bem-estar e equilíbrio, pressupondo que este se predisponha ao autoconhecimento e ao desprendimento de sentimentos egocêntricos. É também um facto que, de forma comum, todos os nossos legados etnológicos estão repletos de explorações e diferentes formas de cantar a voz.
A voz em diálogo, cantada ou falada, é um meio privilegiado para estabelecer pontos de ligação entre o legado cultural comum e uma sociedade futura onde o diálogo multicultural e a diversidade possam servir de bases para a construção de uma Humanidade plural, ideologicamente em uníssono.
Na perspetiva de herança cultural, sabemos que o património imaterial da comunidade é tradicional, contemporâneo e vivo, inclusivo, representativo e fundado na própria comunidade. Com a nossa proposta julgamos ser possível proporcionar, aos participantes e públicos, um contacto com o legado cultural nacional e regional, ligado à voz e às sonoridades tradicionais, mas também aproximar a população vimaranense em geral à iniciativa através da promoção de concertos em espaços públicos e da abertura à partilha e participação nas histórias contadas.

No programa proposto, entre polifonias, desgarradas, contadores de história e experimentações vocais que ocorrerão em quatro fins de semana distintos, iremos também promover conversas em torno da voz humana e das suas múltiplas leituras.