Guimarães Project Room

O GUIMARÃES PROJECT ROOM pretende conhecer, mapear e apresentar os criadores de artes plásticas, visuais e novos media que produzam em afinidade com Guimarães. Este território físico e humano é o ponto de partida, o referencial que pretendemos destacar e que unificará o espetro de participantes possíveis desta iniciativa. Neste segundo momento de apresentação pública, reunimos os artistas Carlos Lobo, Max Fernandes e Carlos A. Correia. O Museu de Alberto Sampaio assume um papel relevante na especificidade e rigor das suas coleções, destacando no contexto deste projeto, o conjunto de pinturas murais. Os fragmentos que integram o Acervo plasmam memórias de tempos em que a linguagem visual era uma urgência e servia causas junto da comunidade. É significativo o escopo, desde a atuação do seu primeiro diretor, cumprido em prol da salvaguarda deste património. Cabe-nos, agora, preservar e difundir as produções contemporâneas, saudando-as e difundindo-as. O denominador comum que presidiu à escolha dos três artistas e respetivas obras traduz-se numa intenção explícita, sob diferentes estratégias, quanto a: olhar a identidade pessoal inscrita na coletividade; extrair dados iconográficos e conceptuais do meio envolvente; ativar ideias e estéticas subsumidas nas práticas contemporâneas; evidenciar detalhes que permitem transformar a relação com os pequenos universos que medeiam as memórias e as heranças culturais. Assim, o público pode usufruir, observando, experimentando os olhares e ideias que os três artistas partilham connosco, mediante atos de revisão e celebração. Carlos Lobo propõe o visionamento de obras recentes, tratando tópicos rigorosos na sua apropriação; Max Fernandes intervenciona materiais dúcteis como se flexibilizasse e suspendesse ideias que conduzem a críticas assertivas sobre condições invisíveis de ser; Carlos A. Correia proporciona uma performance, cujo registo perpetuará a experiência – depois intermediada – sobre complexos estados de suspensão e síncope existencial. Os três artistas conduzem-nos para além de suas respetivas obras, empurrando-nos para um arco cronológico onde a consciência do tempo é dúctil e argumentativa. Ou seja, as suas propostas cumprem a missão que reconhece a criação: impulsionar o pensamento crítico, sem menosprezar a fruição estética, antes dilatando-a e projetando-a num diálogo sozinho, cheio de múltiplas presenças abertas ao futuro. Maria de Fátima Lambert