Ángel Montero Herrero (Órgão)

Programa
LAUDA SION SALVATOREM

Franz Danksagmüller (n. 1969)
Estampie

Francisco Correa de Arauxo (1584-1654)
Prosa del Santísimo Sacramento (FO 68)
Tiento de medio registro de tiple de séptimo tono (FO 29)

Manuel Rodrigues Coelho (1555-1635)
Primeiro tento do primeiro tom

Naji Hakim (n. 1955)
Falsas

Carlos Seixas (1704-1742)
Sonata em Fá maior

Félix Máximo López (1742-1821)
Allegretto em Dó menor

Marcos Portugal (1762-1839)
Sonata em Ré maior

Hilarión Eslava (1807-1878)
Fantasía Religiosa a la Resurrección de nuestro Señor Jesucristo
Llanto de María Magdalena
La Resurreción del Señor
La alegría de los discípulos del Señor

João P. Oliveira (n. 1959)
Verso
Batalha

Notas ao programa
Louva, ó Sião, o Salvador! É o primeiro verso com que começa a Prosa do Santíssimo Sacramento que Francisco Correa de Arauxo incluiu quase no final da sua obra Facultad Orgánica (1626). Correa de Arauxo constitui um dos pilares da música para órgão de todo o século XVII e compartilha com Manuel Rodrigues Coelho um merecido protagonismo quanto à sua qualidade compositiva, entre os autores para tecla do seu tempo na Península Ibérica. Ambos os autores são imprescindíveis para um programa de concerto que pretende destacar a música ibérica composta desde o século XVII até a atualidade.

O concerto que vamos escutar oferece um contraste de estilos e épocas, articulando-se em torno da música de temática religiosa, mas incidindo também nas diferentes formas compositivas que predominaram na composição para órgão no Barroco, Classicismo e Romantismo. Formas que igualmente chamaram a atenção dos compositores atuais e que quiseram revitalizar sob a visão das novas estéticas.

Por isso, escutaremos obras de três compositores atuais: o austríaco Franz Danksagmüller, o franco-libanês Naki Hakim e o português João P. Oliveira. Entre os olhares vivos destes criadores, viajaremos ao longo do tempo, desde o século XVII com Correa de Arauxo e Rodrigues Coelho e seus tientos, para depois nos transportarmos ao século XVIII com o português Carlos Seixas e o espanhol Félix Máximo López, dois autores que trabalharam ao serviço dos reis de Portugal e Espanha, respetivamente. Por sua vez, Marcos António Portugal foi Mestre da Capela Real do Brasil e diretor do teatro de São João. Estes autores clássicos incidem na forma sonata como principal modelo compositivo do seu tempo.

Antes de regressar ao século XXI, a nossa viagem faz uma paragem na Espanha de meados do século XIX, e um dos compositores mais prolíficos do seu tempo, Hilarión Eslava. Esta composição, que foi escrita para a temática que coincide exatamente com o dia de hoje,

Sábado Santo, é um raríssimo exemplo de música programática dentro do repertório organístico espanhol. Composta em três movimentos, descreve a Ressurreição de Jesus Cristo desde as lágrimas de Maria Madalena, o momento da Ressurreição e a alegria dos discípulos ao conhecer a notícia.

O concerto termina com duas obras de João P. Oliveira, dentro do seu Livro de Órgão, compostas para São Vicente da Fora em Lisboa, mas inspiradas novamente em modelos tradicionais do Barroco que aproveitam todos os recursos sonoros do instrumento.

Angel Montero Herrero

Ángel Montero Herrero (Madrid, 1989). Professor titular de Órgão do Conservatório Profissional de Música “Arturo Soria” de Madri e organista titular da Catedral de Segóvia. Juntamente com sua atividade docente, desenvolve uma intensa atuação como organista e continuista em diferentes conjuntos instrumentais e vocais. Realizou concertos em numerosos locais da Espanha, assim como na Alemanha, Portugal, Itália, Suíça, França e Marrocos. Frequentou os estudos de Graduação em Órgão em Madrid (Centro Superior Katarina Gurska, 2012-2016) com o professor Roberto Fresco, obtendo Diploma de Honra no Final do Curso, além de Mestrado em Interpretação Musical de Órgão em Munique (Hochschule für Musik und Theater München, 2016-2018) com o professor Bernhard Haas. Ampliou a sua formação participando de diferentes cursos e masterclasses na Espanha, Holanda, Alemanha e Dinamarca, com destacados mestres do cenário internacional. Ganhou o primeiro Prémio do IV Concurso Nacional de Jovens Intérpretes “Iohannes Baptista Cabanilles” 2017, da cidade de Algemesí. Recebeu o Premio Andrés Segovia - José Miguel Ruiz Morales 2010 nas jornadas de “Música em Compostela”. É o presidente da Associação “Correa de Arauxo” de Amigos do Órgão de Segóvia, além de ser o coordenador do Curso Internacional de Órgão do Festival MUSEG de Segóvia. Realiza também uma ação de divulgação do instrumento e seu repertório dentro de outras instituições de Castela e Leão e Madrid, dedicadas a esses propósitos. https://www.angelmonteroherrero.com