Projeto Centro de Estudos de Jazz Univ. Aveiro / Guimarães Jazz Hugo Santos 5tet

O princípio de colaboração dialogante com as diferentes entidades empenhadas na divulgação do jazz em Portugal tem sido consistentemente praticado pelo Guimarães Jazz ao longo da sua história, materializado nas várias fases do seu desenvolvimento em parcerias com editoras (Tone of a Pitch), coletivos (Porta-Jazz, Sonoscopia) e instituições de ensino (ESMAE). A associação com a Universidade de Aveiro, por via do seu Centro de Estudos de Jazz e, mais concretamente, do Concurso Internacional de Jazz (CIJ) por ela promovido, é o mais recente projeto abraçado pelo festival nesta dimensão sinérgica de abertura aos agentes de promoção e criação em atividade no circuito jazzístico português nas suas múltiplas encarnações.

Em 2025, a 5ª edição do CIJ distinguiu o Hugo Santos 5tet com os prémios de Melhor Ensemble, Melhor Composição Original e Melhor Arranjo Original. Liderado pelo seu baterista e composto por um conjunto de músicos – Duarte Júlio, Simão Raimundo, Rafael Oliveira e Pedro Miranda – formados, ou ainda em processo de formação, em jazz pela ESMAE, este ensemble pratica um jazz pulsante e elétrico que, apesar das suas sólidas fundações jazzísticas, remete para um som no qual se detetam as influências do rock e do funk. Com este gesto de exposição de músicos emergentes, o Guimarães Jazz cumpre um dos seus objetivos de encorajamento à criação do jazz em Portugal, ao mesmo tempo que permite ao público do festival um vislumbre das tendências estéticas exploradas pelos mais novos protagonistas desta música. A avaliar pelas edições anteriores e pela formação que apresentamos nesta edição do festival, torna-se notório que estamos perante uma geração de músicos que, talvez pelo facto de terem crescido numa altura em que o acesso à música é praticamente ilimitado, absorvem de uma forma natural, eventualmente mais natural do que no passado, uma pluralidade de referências musicais. Essa circunstância parece antecipar uma propensão para a diluição das fronteiras entre géneros e apontar para uma nova paisagem jazzística mais claramente pluridiomática. Se será esse o devir do jazz, a resposta caberá aos jovens músicos como estes que compõe o Hugo Santos 5tet e, claro, àqueles dispostos a ouvi-lo com a atenção necessária.